Serra da Freita

Localização

A Serra da Freita é uma elevação de Portugal Continental, com 1085 metros de altitude máxima (pico de São Pedro Velho, localizado na freguesia de Albergaria da Serra). Esta serra faz parte de um conjunto de relevos bem marcados, situados entre as Serras do Caramulo, a Sul, e de Montemuro, a norte, que tem o nome genérico de Maciço da Gralheira.

Mapa da Serra da Freita e de parte da Serra de Montemuro. Assinalados, a tracejado colorido, os limites dos três principais concelhos da área da Serra da Freita (Vale de Cambra, Arouca e S. Pedro do Sul). A área entre os 500 e os 1 000 m encontra-se assinalada a verde claro e a área acima dos 1 000 m a verde escuro. Assinalados também os principais rios.

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Geomorfologia

A Serra da Freita constitui o extremo setentrional do vincado alinhamento de alturas de direcção WNW-ESSE.
O seu aspecto compacto e altaneiro vai-se modificando á medida que dela nos aproximamos. De facto, pelo lado norte há vertentes abruptas, com raros patamares em mal esboçada escadaria devido ao pequeno desenvolvimento dos degraus roídos pela erosão intensa, que descarnou escarpas de rocha viva. Para nordeste da Serra, o relevo torna-se ainda mais vincado e imponente denunciando uma actividade erosiva extremamente intensa, as cristas agudas dos montes alternando com linhas de água profundamente metidas em apertados vales de encostas , por vezes, com centenas de metros de desnível.

Nos lados noroeste, oeste e sudoeste os níveis de erosão encontram-se mais bem conservados, em degraus mais desenvolvidos e extensos, descendo insensivelmente até se perderem em cotas da ordem dos 300-350 metros.
De sudoeste para todo o lado sul o relevo é, de novo, fortemente vincado.
As características mais marcantes do relevo da Serra da Freita são grandemente controladas pela intensa tectónica da idade hercínica (350 a 220 milhões de anos), naturalmente influenciada pelo orogenia alpina (200 a 2 milhões de anos).

Os sistemas de falhas mais importantes são os de NE-SW e N-S; têm menor importância os de NW-SE, NNE-SSW e WNW-ESSE, que originam a compartimentação do maciço, condicionando a fisionomia do relevo e o regime de drenagem, centrífugo e encaixado, dos cursos de água que emanam da Serra.
A estrutura retalhada do maciço foi actuada por, pelo menos, três ciclos erosivos, representados por níveis ou superfícies de aplanamento a diferentes altitudes; o mais elevado (1000 a 1100m), chamado culminante, o intermédio (800 a 850m) e o inferior (600 a 650 m), respectivamente de idades eocénica, miocénica e pliocénica; existe ainda um possível nível entre a superfície culminante e a intermédia, além do bem marcado nível dos 300 a 350 metros, representado por numerosas rechãs periféricas que se estendem para oeste e correspondem à mais baixa superfície de aplanamento.

O controlo fundamentalmente tectónico da morfologia da Serra da Freita está também evidenciada pela extensa vertente norte, de direcção W-E que se estende até ao Rio Paivô, cortando indiferentemente granitos, xistos metamórficos e migmatitos. A disposição em escadaria de rechãs denota um certo vigor, de onde se pode concluir não só a sua relativa pouca idade como, também, o terem sido bastante poupadas pela erosão.
Outro tanto é indicado pelas direcções de certos troços dos leitos dos rios, determinados pelas linhas gerais da tectónica regional e, em menor escala, pela litologia do substracto. De facto é vulgar a ocorrência de troços de desenho rectangular e são frequentes as confluência ortogonais. Quando essa influência se não faz sentir, então, a litologia, as direcções de xistosidade e lineações das rochas granitóides permitem uma disposição dentrítica das linhas de água.